Você já se perguntou por que as personagens perfeitas são tão chatas? Aquelas que nunca erram, sempre fazem a coisa certa e nunca enfrentam um desafio real. A resposta é simples: elas não têm fraquezas. E você, como um escritor, deve saber que personagens fracas e com falhas de caráter são muito mais cativantes. Claro, existem exceções para tudo, mas não estou a fim de falar delas.

Pensa comigo: os leitores gostam de torcer por uma personagem, certo? Mas para torcer de verdade, eles precisam sentir que estão testemunhando uma pessoa com altos e baixos. É a fraqueza que nos faz torcer, que nos faz sentir uma conexão profunda. Como leitores, queremos ver a nós mesmos refletidos nas páginas de um livro.

Por que dizer “não” aos perfeitos?

Muitos escritores iniciantes acreditam que criar personagens com qualidades impressionantes é o caminho para o coração dos leitores. Existe até um termo para isso na comunidade literária: “Mary Sue” (já ouviu falar?).

Elas são perfeitas e, ao mesmo tempo, um desastre. Por quê? Porque são previsíveis e desinteressantes. Quem quer torcer por alguém que nunca erra?

Vai por mim: dar fraquezas a uma personagem é o segredo para torná-las reais. É o que os faz crescer, evoluir e, acima de tudo, cativar os leitores.

Como as imperfeições das personagens melhoram a narrativa do seu livro

  1. As fraquezas geralmente levam a conflitos internos ou externos.
  2. Superar as fraquezas é a força motriz do desenvolvimento da personagem. À medida que enfrentam suas vulnerabilidades, crescem, aprendem e evoluem.
  3. As fraquezas introduzem incertezas. Por exemplo, um vício pode levar os leitores a se perguntarem se ela vai sucumbir em um momento crítico.
  4. Introduzir fraquezas os torna mais complexos e humanos, aumentando a profundidade da história.
  5. Fraquezas influenciam as escolhas de uma personagem, conduzindo a trama em direções específicas.
  6. As fraquezas podem atrair a simpatia dos leitores.
  7. Personagens com fraquezas têm momentos de redenção poderosos e emocionalmente ressonantes na história.
  8. Fraquezas podem levar ao desenvolvimento de subtramas, como uma insegurança que a leva a perseguir um objetivo pessoal, criando um enredo secundário.
  9. Fraquezas afetam a forma como as personagens interagem entre si, levando ao desenvolvimento de relacionamentos mais profundos.
  10. A presença de fraquezas influencia o tom da história, permitindo criar momentos de ironia.

E aí, parceiro(a), convenceu-se da importância das falhas de caráter? Então vamos ver algumas dicas para desenvolver estas fraquezas nas páginas do seu livro.

Dicas para usar a imperfeição para criar personagens memoráveis

1. Autenticidade

Em primeiro lugar, suas personagens devem ser radicalmente autênticas. Não basta ter apenas uma fraqueza conveniente, mas sim uma falha que seja intrinsecamente parte de quem elas são. Pergunte-se: Qual é a escuridão no coração da minha personagem? Qual é a cicatriz emocional que nunca se curou?

2. Contrastes dramáticos

Crie contrastes dramáticos entre as fraquezas e as aparências. Um empreendedor confiante e bem-sucedido pode ter um medo incontrolável de palhaços, enquanto um eremita social pode ter uma força assustadora quando confrontado com desafios. Esses contrastes tornam as fraquezas mais intrigantes.

3. Ciclos viciosos

As fraquezas das personagens não devem ser meras peculiaridades, mas sim ciclos viciosos que as atormentam. Por exemplo, alguém que mente compulsivamente pode perder oportunidades profissionais. E aí entra-se em um ciclo onde fraquezas geram mais fraquezas.

4. Confrontos

Empurre suas personagens para o limite. Faça-as confrontar suas fraquezas de frente, muitas vezes de maneira desconfortável. Isso pode envolver eventos traumáticos, exposições dolorosas ou confrontos com a verdade.

5. Diálogos

Use diálogos para revelar as fraquezas. Deixe as personagens expressarem suas inseguranças, medos e desejos mais sombrios por meio de conversas reveladoras.

6. Relacionamentos intensos

Personagens imperfeitas costumam formar relacionamentos intensos. Elas podem ser atraídas por pessoas que impulsionam suas fraquezas. Use essas dinâmicas para criar conflitos cativantes.

7. Experiências sensoriais

Envolva os sentidos em suas descrições das fraquezas. Descreva o suor frio da ansiedade, o gosto amargo do arrependimento e o cheiro do desespero.

8. Quebra de expectativas

Surpreenda os leitores. Faça com que personagens aparentemente poderosos sofram com fraquezas surpreendentes, e vice-versa. Faça com que os leitores fiquem envolvidos, tentando entender o que vai acontecer na próxima página.

9. Dilemas morais

Hora de colocar as personagens em situações difíceis que exijam que enfrentem suas fraquezas. Confrontadas com decisões morais complexas, devem escolher entre ceder às suas fraquezas ou superá-las.

10. Redenção

Se as personagens buscarem redenção, não a entregue facilmente. Faça-as suarem como porcos para alcançar este objetivo. Elas devem enfrentar desafios que testem suas fraquezas até o limite. O caminho para a redenção deve ser repleto de espinhos.

Bora quebrar e manchar suas personagens!?

Lembre-se: as melhores fraquezas e falhas de caráter são aquelas que se entrelaçam na trama, moldam as personagens e as fazem lutar contra suas próprias limitações.

Ao criar personagens quebrados e imperfeitos, você irá se conectar com seus leitores, deixando-os ansiosos para descobrir como essas falhas afetarão o curso da história.

É no meio dos cacos que vamos encontrar a verdadeira essência das nossas personagens, sacou?


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