Surgiu na pequena cidade como uma tempestade de verão: sua presença parecia rugir e não passou incólume nem diante dos cães sarnentos que apinhavam as ruas empoeiradas.
Odiava praia. E como não odiar?, costumava perguntar. Se os elementos que integram uma praia fossem friamente analisados, não haveria como não nutrir sentimentos de repulsa por este ambiente agressivo à saúde e ao bem-estar. Malditos grãos de areia que sempre insistem em entrar onde não devem, pinicando todo o corpo, um sol infeliz torrando a pele e multiplicando melanomas e não-melanomas, além de uma água imunda e fétida, proliferando bactérias que fazem a festa no corpo dos ingênuos que ali se divertem.
Desde pequenos nos deparamos com escolhas que podem – e fazem – toda a diferença em nossa existência. Escolhas que podem impactar positiva ou negativamente até a raiz de nosso ser, não só no momento em que a decisão é tomada, mas por toda uma vida. Más escolhas e suas mórbidas consequências, sentimentos de culpa, e toda aquela lamúria acompanhante.
Pessoas são pessoas. E a maioria delas sente saudades da infância. Vislumbres e flashes de momentos felizes que não voltam mais. E voltar pra quê?
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