Desde pequenos nos deparamos com escolhas que podem – e fazem – toda a diferença em nossa existência. Escolhas que podem impactar positiva ou negativamente até a raiz de nosso ser, não só no momento em que a decisão é tomada, mas por toda uma vida. Más escolhas e suas mórbidas consequências, sentimentos de culpa, e toda aquela lamúria acompanhante.
Eu deveria ter aceitado aquele emprego. Deveria ter feito medicina. Por que fui financiar esse carro? Deveria ter saído com os amigos tomar uma cerveja ao invés de ficar em casa escrevendo crônicas.
Na maioria dos casos, fazemos más escolhas por não estarmos muito bem preparados, por não termos uma visão nítida dos resultados envolvidos. Mas acredite: tudo seria mais simples se colocássemos as opções no papel, com alternativas e tudo mais. O que acha de adaptar os métodos dos concursos e vestibulares em sua vida? Tudo se torna mais simples, suave e belo quando reduzimos nossas decisões a alternativas A, B e C.
Se na escolha daquela que poderia ter sido minha primeira namorada eu tivesse as alternativas resenhadas no papel, a simplicidade teria batido em minha porta com um sorriso encantador:
* Questão: Devo pedir ela em namoro?
a-) Sim, embora as chances dela aceitar são mínimas;
b-) Claro que não, imbecil… Não percebeu como a melhor amiga dela (e que amiga!) olha com um jeito apaixonado para você?;
c-) N. D. A.
Nas minhas condições de “desesperado-prometido-a-solteirão”, eu teria ignorado a terceira opção de imediato. Analisando as proposições remanescentes, “vendo-as” no pleno sentido da palavra, a questão assumiria um aspecto mais simples, espontâneo, acessível. Seria o mesmo problema, porém, reduzido à tinta e papel, o que no mundo dos mortais, é mais palpável do que teorias e teoremas. Como diria Vogelstein: “Escrevo… para que possa enxergar…, desvendar o mistério e chegar à verdade”.
Mas na ocasião, dei-me por vencido pelo impulso irracional, o entusiasmo patético, as teorias e teoremas. E é quando segue seu impulso que o homem comete as mais “exatas” burrices de sua existência. E como já tenho uma inclinação natural a fazer jumentices, fiz a escolha errada. Aí foi só lamúria!
Desde então, tenho colocado tudo no papel. Os erros persistem, é verdade, porém, com menor frequência. Tenho tanta confiança neste método que incentivo todos a colocá-lo em prática. E aproveitando a deixa, por que não começar AGORA mesmo? Como diria Bob Mills: “O agora é tão efêmero que já acabou”. Então, vamos à prática…
* Questão: O que você deve fazer agora?
a-) Continuar lendo essa crônica com a esperança de que ela melhore nas próximas linhas, o que é improvável devido à pouca inspiração do cronista e ao seu arrependimento por não ter ido tomar uma cerveja com os amigos;
b-) Passar as próximas horas tentando descobrir quem é esse tal de Bob Mills;
c-) Procurar outro post rapidamente, mesmo porque esta parece ser a penúltima frase da crônica.
Se quiser um conselho de amigo, assinale a alternativa C.
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