Quando eu o conheci, décadas atrás, achei que estava diante de uma figura que pela primeira vez traria uma ameaça ao meu mundo seguro de criança. “Mãe, tem um moleque com cara de psicopata da escola”. Não era um psicopata. Era apenas um poeta, um louco, o louco Lucká.

Seu nome não é Lucas. Nem Lúcka. Mas, como ele insiste: “É Luckáááááááá, caramba. Acento no ‘a’ “.

Eu acompanhei sua trajetória. Tentei acrescentar algo de bom à sua vida. Às vezes, ele me diz que não estaria vivo se não fosse por mim. Em outras, diz que tudo o que passou de ruim foi culpa minha. Eu digo que ele é bipolar, que devia se tratar. E ele dá uma risada carregada de desespero (se você não o conhece, e ouve aquela risada, você teme pela sua vida), e arremata:

– Vinte e cinco anos se passaram, mundos foram criados, outros foram destruídos, e você continua o mesmo lunático de sempre.

Louco Lucká. Com o tempo, passou a ser o mestre Lucká. E agora, para a alegria de muitos tornou-se o doutor Lucká.

Confesso, ele não me ensinou quase nada. Mas me ensinou o que é poesia, e que não há motivos para se envergonhar de chorar em público. O que, na prática, é muita coisa.

Abaixo, como numa propaganda de remédio para emagrecimento, o seu Antes e Depois…