Antigamente, tudo o que um escritor precisava era um papel em branco, caneta e uma musa inspiradora. É, mas os tempos agora são outros. Hoje, com um notebook e uma xícara de café o trabalho está garantido
Coffee Break é uma expressão inglesa que significa pausa no trabalho para o cafezinho. No entanto, para muitos escritores, as palavras “café” e “parada” não combinam. Isto porque o café se tornou parte integrante e essencial de sua atividade de escrever.
Alguns experientes e jovens escritores chegam a admitir que uma xícara de café pode ser mais útil do que olhos cintilantes de uma musa inspiradora.
Mas qual a razão de tantos escritores não dispensarem uma xícara de café? Será que existe alguma lógica na conclusão de que o café pode ajudar escritores?
Os Elementos da Falta de Criatividade
Para entender toda a aura existente sobre o café, primeiramente, consideremos o que pode prejudicar a criatividade.
- Falta de tempo (em alguns casos, eufemismo para desorganização ou preguiça);
- Falta de compromisso em terminar o que começou;
- Falta de confiança em sua capacidade de criar algo “bom”.
Agora vamos analisar estes itens e o impacto que o café pode ter sobre cada um.
Afugenta a Preguiça
Ok. O primeiro item que citei acima foi falta de tempo. Mas sinceramente não vejo como o café possa fazer com que seus minutos superem a infalível marca dos 60 segundos. Por isso, vamos considerar que sua “falta de tempo” seja apenas uma desculpinha esfarrapada para justificar a preguiça de aproveitar seu tempo vago para botar a massa cinzenta (e a branca também) para trabalhar.
Quando o problema é preguiça de escrever, o café pode ser a cotovelada dada no cérebro para esse fanfarrão sair do ponto-morto e iniciar suas atividades. Isto ocorre especialmente pela manhã, ou após atividades que exigem pouco esforço do cérebro. O café serve como um pontapé para que o cérebro “acorde” e um sinal para que ele entenda que é hora de trabalhar, tal como escrever um livro.
Reforça o Compromisso
No entanto, o grande problema é que este processo exige, muitas vezes, ficar com um olhar hipnótico preso na tela do computador, parecendo um morto-vivo. E, após horas nesta situação, não é difícil o surgimento de alguns cochilos e até algumas eventuais babadas no teclado. O escritor Balzac que trabalhava por até 15 horas, costumava dizer que “o café é a bebida que vai até o estômago e coloca tudo em movimento”.
Precisamos admitir que o processo de escrever gera sonolência. E isto pode ocorrer mesmo que você tenha dormido o suficiente. E neste sentido, como disse certo autor, o café bloqueia a área do cérebro que costuma dizer: “Estou cansado”, afugentando a sonolência que surge em momentos inoportunos, justamente quando você deve ficar acordado.
Estimula a Confiança… Será?
O café não melhora a autoestima de escritores. O que pode ocorrer é exatamente um estímulo indireto da confiança diante dos dois fatores considerados acima. Pense bem: quando o escritor desenvolve a iniciativa de colocar seus textos no papel e quando ele assume o compromisso de dedicar horas ao projeto, a confiança se torna uma consequência natural.
Grande parte dos jovens escritores que reclamam de falta de confiança tem, proporcionalmente, a mesma falta de iniciativa e compromisso com seus textos.
Escritores, Peguem Leve
Estas são as razões pelas quais o café é tão valorizado por escritores em todo o mundo. Um cafezinho pode ser um grande aliado para afugentar esta sua careta sonolenta, de quem não dorme há duas semanas, e manter seus olhos focados na produção literária.
Mas é claro que não podemos desconsiderar a necessidade de moderação.
Além disso, nunca associe o café à criatividade. Ele contribui para o processo, mas a escrita é algo que precisa vir da mente e do coração. Até porque, se café aumentasse a criatividade, concursos de literatura e poesia precisariam ter exame de doping.