Aprender a ser engraçado me parece irreal. Mas há algumas dicas para ajudar aqueles que já possuem o gene “humor” a escrever textos engraçados. Confira as dicas neste artigo.
Há muitos leitores que estão mais propensos a se apaixonar por um livro quando este revela trechos engraçados. Isso não significa necessariamente escrever um livro de humor. Porém, arrancar risadas dos leitores, ainda que vez por outra, pode ser uma excelente fórmula para conquistar admiradores fiéis.
Aprender a ser engraçado? Como assim?
Arrisco dizer que ser engraçado é um dom. Por isso, a expressão “aprender a ser engraçado” me parece incongruente. Digo isso porque acredito que a graça de algo está em sua espontaneidade. Quando tentamos ser engraçados, em muitos casos, soamos patéticos. E isto ocorre não somente quando escrevemos. Vai dizer que nunca teve um amigo que sempre quis ser o mais engraçado da roda, e sempre acabava despertando a animosidade dos demais?
Este é um grande problema: tentar ser engraçado sobrecarrega o cérebro com a necessidade de pensar em algo estranho e humorístico. Em muitos casos, esta não é a melhor abordagem, e pode resultar em criatividade bloqueada do escritor.
Por isso, muitos autores se orientam pela seguinte regra: não seja engraçado – simplesmente escreva a verdade de uma forma divertida. Lembre-se que a comédia deriva da verdade. Por isso, simplificar as coisas pode ser a melhor abordagem para escrever um texto humorístico.
Mas, ainda assim, se formos tentar estabelecer alguns critérios para sermos engraçados, talvez possamos partir das seguintes dicas e princípios.
1. Escreva de forma simples
Escreva de forma simples, como se estivesse enviando um e-mail bem humorado para um grande amigo. É preciso saber usar bem as palavras, mas cuidado para não soar acadêmico. Palavras muito apuradas e requintadas tiram a graça de um potencial texto engraçado.
2. Escreva sobre situações que as pessoas se identifiquem
Um autor consegue ser engraçado simplesmente escrevendo sobre situações corriqueiras do nosso dia a dia, mas que ninguém (ou pouca gente) ousou comentar. Quanto menos explorado for o assunto corriqueiro, melhor será o impacto. Se alguém ler seu texto e pensar: “Pior que é assim mesmo”, as chances de você arrancar uma risada dele será muito maior. Assim, tentar escrever crônicas engraçadas sobre um mecânico de aviões atrapalhado com suas tarefas será extremamente desafiador, já que a maioria de nós não está familiarizada com esta rotina profissional. No entanto, um texto humorístico sobre a tensão psicológica em tentar lembrar sua senha, quando o caixa eletrônico avisa que o próximo erro resultará em cancelamento do acesso ao cartão, poderá encontrar leitores mais entusiasmados, que pensam: “Pior que é assim mesmo”.
3. Escreva sobre coisas irritantes
Isso nos leva a uma outra regra que acho importante: escreva sobre coisas que lhe causam irritação. Pense um pouco sobre o texto utilizado pelos comediantes nos espetáculos de stand-up. A vasta maioria comenta sobre assuntos corriqueiros e extremamente irritantes. A sua irritação pode ser um excelente termômetro para avaliar o potencial de um assunto se tornar uma boa crônica engraçada ou não.
4. Vá ao extremo
Muitos assuntos, por serem demasiadamente explorados, acabam perdendo um pouco de seu brilho humorístico. Se este é o caso, tente levar o tópico aos extremos. Se for escrever sobre uma personagem que precisa emagrecer, não fique passeando no plano geral. É melhor ser mais específico e exagerado. Por exemplo, escrever sobre uma personagem que tenta emagrecer sem precisar sair da frente do computador. Extremos costumam oferecer uma tendência maior ao cômico do que se apoiar apenas em clichês absolutos.
5. Use analogias
Comparações, metáforas, analogias – diversos recursos e figuras de linguagem que podem ajudá-lo a tornar seu texto engraçado. Este tipo de recurso abre maiores oportunidades para arrancar o riso de um leitor. Ao invés de dizer: “Ele caminhava lentamente”, pode-se apelar para as figuras de linguagem e transformar isso em: “Ele caminhava tão lentamente que mais parecia uma lesma com complexo de inferioridade” (tá, tá bom, não foi engraçado; aposto que você pode fazer melhor). A analogia absurda gera esta incompatibilidade entre os dois objetos de comparação. E é exatamente esta incompatibilidade que pode despertar o cômico naquilo que escrevemos.
E você? Já se arriscou a escrever um livro ou algumas crônicas humorísticas?