Brilha voracidade em tardo toque
Em voga distração, princesa minha
Citando-me teus olhos lembranças esquecidas
Pulsando impulsividade, pulsação reprimida.
A seiva de tua voz
Colhe pele, corre peito
Um céu suspenso e refeito
Derramando esperanças com teu nome
Forma ganhos, ganha forma
Ganha plástica um céu de anil
Teu sorriso estendido
Sua o beijo, beija o riso
Enxerga o rímel
Ouve o brinco
Suaviza o delírio
Me repassa em pente fino
Canta sono, estanca crivo
E forma sonho do desatino
És raiar do sol em menina
O doce som em minha sina.
Você me contou como sempre fui seu idiota favorito
A criança de semblante estagnado
Um certo erro, um erro acertado
Uma lembrança a ser esquecida
Frases desconexas
Que jamais formam uma oração.
Pareceu-lhe mais fácil se apresentar em outros circos
E conquistar a escuridão de sonhos impossíveis
E cruéis desfechos
Palavras lhe soaram dispensáveis
Apelos lhe pareceram engraçados
Toda essa sina de bem cuidar
Cansou sua mente aventureira
E seu desejo de romper grilhões
E conhecer um mundo distante
Que não fosse tão covarde quanto o meu.
Hoje te vejo se arrastando
Por entre entulhos neste velho chão
Respirando a discórdia, se entorpecendo com solidão
Fitando as paredes brancas do seu quarto
Olhos vidrados, pequenos remorsos em coesão –
E será que valeu a pena negociar seus sonhos
Por uma alegria passageira
E fantasmas eternos?
E hoje, apenas te vejo tropeçando
Desajustada, neste mesmo velho chão
Chorando apelos, fazendo promessas, implorando migalhas
Acredito que o que perdi me perdeu
E o que me perdeu jamais poderia me fazer encontrar
A suavidade de novamente estar em pé
E ser para alguém que nem sei quem é
Mais uma vez, o seu idiota favorito.
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