Corrosiva

Crônicas corrosivas e gestos de amor

Os tipos de personagens mais comuns na literatura

Escritores de ficção passeiam pelo mundo de sua criatividade, suas mentes elétricas povoadas por uma variedade de personagens para seus contos e romances. O passo inicial que a maioria dá ao criar seus personagens é a elaboração de um protagonista e um antagonista (na vasta maioria das vezes, nesta ordem).

  • Protagonista: é a personagem principal de sua obra literária, aquela que você espera conquistar a simpatia dos leitores.
  • Antagonista: a personagem que se opõe ao protagonista. Não necessariamente, mas quase sempre, o vilão.

Os Tipos Mais Comuns de Personagens na Literatura

Esta seria, a grosso modo, a definição primária e mais generalizada das personagens. Porém, realizando uma análise um pouco mais profunda, podemos chegar a detalhes comportamentais mais significativos sobre estas figuras que tanto amamos. Compreender os diversos tipos de personagens poderá ajudá-lo a compor traços e elementos condutores das ações e pensamentos destes. Também pode revelar se seu romance contém um excesso de personagens classificados dentro do mesmo tipo literário, em detrimento de outros.

Abaixo, listo os principais tipos de personagens, e uma pequena descrição de sua personalidade, pensamento, intenção.

Confidente

O Confidente é alguém em quem a personagem principal confia. O Confidente abre a oportunidade para o protagonista expressar seus pensamentos e sentimentos mais profundos, dando voz a segredos que outros jamais perceberiam. Um protagonista inexorável pode deixar seu lado humano mais frágil vir à tona, quando interage com seu Confidente.

O Confidente não precisa ser necessariamente uma pessoa. Pode ser, por exemplo, um animal de estimação (confesse: você também conversa com seu gato ou cãozinho). Ou mesmo uma fotografia de uma pessoa querida com quem o protagonista abre seu coração nos momentos de solidão.

Romances narrados em primeira pessoa costumam fazer do próprio leitor, o Confidente.

Dinâmico

O personagem Dinâmico (ou, em desenvolvimento) é aquele que sofre “mutações” comportamentais ao longo do romance. Elementos importantes da história afetam o modo como a personagem encara as coisas ao seu redor. Alguém de boa índole, no princípio de um romance, pode assumir ares ameaçadores e perigosos a medida que forças externas impactam sua vida.

Contraditório

Alguma vez você já se arrependeu de algo que fez? Provavelmente, você já agiu contrário aos seus princípios, devido a qualquer um de uma série de fatores. Comparando sua ação com sua personalidade, chegamos a conclusão de que se trata de uma atitude contraditória.

Suas personagens também podem carregar este estigma. Note que não estamos falando do Dinâmico. Não se trata de uma personagem que muda progressiva e definitivamente ao longo de uma história, mas sim de alguém que toma algumas atitudes que não de acordo com sua personalidade (talvez sob intensa pressão ou por fraqueza de caráter).

Nota: se utilizar Personagens Contraditórias em seu romance, certifique-se de deixar claro que as atitudes contraditórias descritas por você foram propositais. Um leitor desatento poderia concluir que isto reflete uma falha do escritor.

Superficial

São personagens que revelam pouquíssimo de sua personalidade. Além disso, seus traços comportamentais não sofrem oscilações ao longo da trama. Manifestam sempre as mesmas características. A maioria de tais personagens não ocupa um papel de destaque dentro da trama. Por exemplo, você poderá ter um protagonista morando em um prédio, cujo porteiro, é um sujeito mal-humorado que fala apenas o essencial, e sempre com resmungos intraduzíveis.

Estático

Suas características principais são as mesmas de uma Personagem Superficial. A grande diferença entre elas, é que a Personagem Estática possui um papel mais decisivo dentro da história. No entanto, os eventos na trama (perdas, ameaças, desilusões) não afetam a perspectiva do seu caráter teso.

Contrastante

Personagens Contrastantes visam enriquecer a qualidade do protagonista (ou de qualquer outra personagem) por meio do contraste entre seus atributos. Uma lâmpada acesa durante o dia pode passar despercebida, mas não quando mergulhada em plena escuridão.

Assim, por exemplo, se tiver uma personagem cuja honestidade você gostaria de enfatizar, crie uma personagem contrastante que não dá a mínima para tal característica. Isso fará com que os bons atributos da primeira se sobressaiam.

Esteriótipo

Os modos, gestos e fala dos esteriótipos são facilmente reconhecidos. São personagens prontamente identificados pelo leitor. Um “patrão opressivo”, por exemplo, é um tipo bastante comum.  Embora um bom romance possa conter a presença destes elementos, é preciso tomar cuidado com o uso deles. Utilizar Esteriótipos em excesso tornará a trama superficial e previsível. Pessoalmente, acredito que apenas as Personagens Superficiais devam ser esteriótipos.

Levando-se em consideração a frase acima, sim, é possível que haja uma amálgama entre os tipos de personagens. Assim, exemplificando, o Confidente poderá ser Dinâmico (como costuma acontecer em histórias de heróis, quando o amigo confidente se torna um antagonista dinâmico). Mas nem toda combinação é possível. Ou como acharia possível criar uma personagem que seja Estática e ao mesmo tempo Dinâmica?

Estes termos visam apenas lançar luz sobre o processo de criação das personagens. Apenas uma classificação para nortear a construção de tipos específicos, aqui ou ali. A criação de personagens inesquecíveis, por outro lado, exigirá outros elementos que fogem de uma mera listagem de tipos literários.


Quer criar personagens e escrever um livro como um profissional?

Para isso, você precisa de orientação. Apresento-lhe este curso para escritor profissional.

Curso Caminho do Escritor voltado para aqueles que querem escrever um livro

18 Comments

  1. Maria Antônia

    at

    Essa pagina me ajudou muito a escrever o meu livro, podendo mudar a ordem do fator como todos livros de romance que vejo sempre a personagem da mocinha é sempre passiva e nunca ativa, ela sempre está em um patamar onde um CEO tem a última voz. Com isso podemos imaginar uma personagem que seja de classe baixa atuando do lado de um de classe alta estando em um mesmo patamar, que não seja casando com o mesmo.

  2. alima

    at

    oi meu amor, tudo bom? Muito grata por você me ajudar a desenvolver meu livro. Estou escrevendo o livro da minha vida, pus muita força para esta caminhada. Sou grata por tudo. bjs

    • Juliano Martinz

      at

      Continue firme, Alima. Será bem-sucedida nesta trajetória. Depois me conte quando estiver pronto! Abraços.

  3. Matilde Gonçalves

    at

    Olá Juliano, sei que este artigo já foi publicado há muito tempo, mas ainda assim gostaria de tirar algumas dúvidas. Por exemplo, se nós criarmos um protagonista que “intitulamos” como o “bom da fita” e criarmos o antagonista que intitulamos como “mau da fita” mais tarde eles podem inverter papeís e o protagonista passar a ser o vilão assim como o antagonista passa a ser o herói?

    • Juliano Martinz

      at

      Olá Matilde,
      Sim, isso é possível, e já foi usado em muitas obras literárias. Se conseguir surpreender o leitor com esta inversão de papéis, isto pode ter um efeito ainda melhor.
      Abraços

      • Matilde Gonçalves

        at

        Muito obrigada pela sua ajuda.
        Abraços

  4. Rodolfo da Cruz

    at

    Muito bom essas dicas. Estou rm um laboratório antes de iniciar o livro.

  5. luciana

    at

    Puxa…estou aprendendo muito com suas postagens. Parabéns, obrigada por compartilhar este conhecimento. Depois de escrever o meu TCC, de repente senti vontade de escrever um livro para aproveitar um pouco do conhecimento que eu havia obtido e continuar estudando o tema, porém de forma lúdica. Eu já escrevi algumas páginas e vou revê-las com o que aprendi hoje por meio de suas preciosas dicas.
    Não tenho a menor pretensão de me tornar escritora. Durante o TCC o que mais me fascinou foi notar que a “obra” tomava vida própria, fugia ao que eu imaginava. Essa sensação foi maravilhosa. Com esse entusiasmo escrevi sem o menor conhecimento técnico de como escrever um livro. Acho que meu projeto é por demais ousado para alguém que não entende nada sobre a arte de escrever. Esse meu “projeto de livro” não servirá para quase ninguém além de mim….É uma miscelânea de personagens reais que existiram na história, em períodos diferentes, e que se encontrarão lá no Céu e travarão alguns debates. Misturo fatos reais com pura fantasia. Tenho me divertido. Pelo menos um dos quesitos que vi em sua página já está ocorrendo. Escrevo por pura diversão….só não sei se alguém mais irá achar graça! rsrsrsr
    Um grande abraço!

  6. Clístenes

    at

    Olá,Obrigado pelos posts, eles estão me ajudando muito a escrever meu 1º Livro. Esse post e o post de como criar um personagem me ajudaram a ter uma verdadeira epifânia, e eu resolvi reescrever meu personagem principal, na verdade eu já comecei a reescrever tudo, e ele ficou 10000 Vezes melhor.

    • Juliano Martinz

      at

      Uma honra e um prazer para mim poder ajudar, Clístenes. Desejo-lhe sucesso!

      Abraços e obrigado pelas visitas!

  7. Elias matonse

    at

    Gosto muito de ler, por isso o meu sonho e de me tornar um escritor.

  8. lucimara

    at

    oi, obrigada por seu blog! sou escritora, e queria dizer que eu adoro criar personagens com personalidades que se diferenciam um dos outros, o que não muda e que os principais tem personalidades marcantes!

    • Caroline Jacão Badolato

      at

      Caramba, me fale os nomes de suas obras.

  9. Kool2bBop

    at

    Oi,

    As suas dicas vêm mesmo a calhar. Estava a procura de algo assim para iniciar o meu romance. Textos simples e sintéticos,
    ideais para principiantes.
    Grato por tudo.

    Saúde e felicidade

  10. Alvaro Domingues

    at

    Muito boas estas dicas. Vou repassá-las.

    • Juliano Martinz

      at

      Obrigado pela visita Alvaro. Fique a vontade em repassar estas dicas.

      Abraços!

      • ilda

        at

        Estou neste processo de começar… Na verdade já tendo começado… No rentanto ficam muitas dúvidas: Primeira pessoa, passado, presente, autobiografia romanceada com ficção junto.. Nossa agente olha em um dia e acha que está muito ruim, já no outro parece que entramos de novo na história. Está saindo uma autobiografia com ficção junto, mas não queria fazer na primeira pessoa, não queria dar a ideia de que sou eu falando, e sim narrando os acontecimento… Nossa, são tantas dúvidas!!!!!
        ilmara

        • allyson

          at

          eu to escrevendo meu livro a algum tempo e é em primeira pessoa não necessáriamente precisa parecer que é eu mesmo que falo deico o personagem livre pra ter opiniões e pensamentos diferentes de mim (na maioria das vezes pouco me coloco no lugar dele)

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

*

© 2024 Corrosiva

Theme by Anders NorenUp ↑