Quando passei em frente ao teu quarto, ouvi você chorando. Parecia um sussurro. Um pedido de socorro. Como se tivesse percebido minha presença. Como se pudesse ouvir meus passos lentos se arrastando pelo chão tão empoeirado. Como se eu pudesse fazer algo por você.
Eu estava por aí, tentando te encontrar em outros rostos. Uma face. Um sorriso. Tua boca nos meus lábios. Teus cílios ritmando meu piscar. Como se fosse possível unir as faces numa só. Uma só face. Fácies. Fácil.
Quando acordei, estava no meio do nada. E do nada, achei que podia te ver. Te completar. Te conceber. Como se fosse possível te enxergar no meio da solidão, no meio da noite, no meio de mim. Parece tão simples quando a gente desenha tudo no papel. A gente apaga aquilo que tem medo. Alinha o desarranjo. Combina terra e céu.
Quando passei em frente ao teu quarto, ouvi você chorando. E eu também chorei. Como se eu pudesse sentir sua intensidade. Como se eu pudesse sentir a sua falta.
Como se eu pudesse ser você.
SOBRE O AUTOR
Juliano Martinz é escritor, redator web e criador do site Literatura Corrosiva.
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Caro Juliano!
Tive o cuidado de ler cada linha com atenção e sensibilidade. Confesso que me encantei com cada texto, todos muito bem construídos e cheios de sensibilidade. Ficaria horas e mais horas lendo quantos tivessem.
Obrigado por comungar conosco da sua proeza com as palavras e sua paixão pela literatura.
Abraços!
Poeta D’alma
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Perfeito. No sentido literal da palavra.
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como se fosse uma empatia perdida, desalinhada…