Conheça algumas das temíveis verdades enfrentadas até pelos escritores mais experientes, mas que eles dificilmente costumam admitir
Escritores publicados não parecem ser deste mundo. Eles possuem uma aura diferente. Uma intensidade anormal. Parecem estar além dos problemas com que jovens escritores como eu e você nos deparamos no dia a dia. Seus livros fluem em perfeita emoção. Uma perfeição absoluta que chegamos ao ponto de imaginar ser humanamente impossível criar tamanha sublimidade.
De fato, são escritores reais. No entanto, esta percepção de que eles vivem em outra dimensão não corresponde à realidade. Todos escritores – em todos os níveis – possuem os mesmos desafios que eu e você.
Eles também possuem os seus segredos. Na verdade, seis temíveis segredos que todos os escritores conhecem, mas que nenhum de nós um dia irá ouvi-los admitir.
Escrever é Difícil
Existe um mito que permeia diversos segmentos da humanidade: o mito de que, se você é bom em alguma coisa, então, vai ser fácil produzir. A verdade, porém, é que escrever é algo muito difícil. Especialmente quando nos referimos a começar a escrever. Escritores experientes também se deparam com este pesadelo. Sentar-se diante de um computador, preparar-se para escrever e… nada.
Acredite: não há nada de errado com você. A paciência será sua grande aliada. Na verdade, na maioria dos casos, o início de qualquer obra é a parte mais complexa. Quando as ideias começarem a fluir, porém, a tendência é que o processo seguinte se torne mais automático e intuitivo.
E no meio desta realidade, muitos preferem fazer um curso para escritores a fim de alcançar o profissionalismo.
Todos Lutamos Contra a Procrastinação
Todos nós procrastinamos. Este não é apenas o caso dos iniciantes. Já vi declarações de escritores experientes sobre sua luta para sentar e começar a escrever.
Muitos de nós estamos acostumados a escrever algumas crônicas ou poemas, anotados desleixadamente em pedaços de papel ou postagens em um blog – no entanto, quando chega o momento de começar um projeto de grande significado, como um livro de memórias ou um romance, entra em cena a procrastinação.
Existe ainda um tipo de procrastinação mais insidiosa: quando nos convencemos de que ainda não estamos prontos para iniciar determinado projeto. Com isso, acabamos tolhendo nossa genialidade, conspirando contra nós mesmos.
Há algo que você pensa em escrever e vem procrastinando há muito tempo? Então tome vergonhe na cara, pare de ler este blog e comece a escrever agora.
Rascunhos Sempre São Uma Porcaria
A única forma de escrever algo bom, é escrever primeiramente algo muito, muito ruim. Os primeiros projetos costumam ser infantis e tolos – mesmo para os escritores mais experientes. Como leitores, nós só temos acesso ao projeto final, devidamente lapidado. Não temos acesso aos esboços iniciais, falhos, vacilantes, execráveis. Mas acredite: estes rascunhos existem ou já existiram. Talvez estejam enfiados em uma gaveta, guardados em uma pasta do computador, ou mesmo queimados. De qualquer forma, suas sentenças desajeitadas e trechos dignos de causar vergonha ao escritor, foram devidamente escondidas do mundo.
O Livro Nunca Está Bom
A cada vez que você realiza a revisão de seu livro, encontra diversas partes que prefere reescrever. Exclui trechos, adiciona frases, reformula ideias. Leonardo da Vinci disse que a arte nunca está devidamente finalizada, somente abandonada.
É preciso aceitar que um romance é formado por pequenos fragmentos de ideias que juntamos para formar um enredo. Frases, parágrafos, capítulos – combinados e recombinados. Movimentados e expandidos. Por esta razão, temos esta sensação de que nosso trabalho está sempre inacabado, a sensação de que sempre há a possibilidade de ajustar um pouco mais. Em algum ponto, no entanto, precisamos abandonar o trabalho, ou ficaremos indefinidamente revisando as revisões revisadas.
Portanto, aceite este conselho: você nunca atingirá a perfeição. Sua obra só estará realmente completa e satisfatória quando ela tiver leitores.
Escritores São Pessoas Estranhas
Não tente fugir desta realidade: se você é um escritor, você é um estranho. Pessoas normais não são escritoras. A vasta maioria das pessoas não gostam de escrever. Talvez leiam um ou dois livros por ano. Mas não dão vazão às suas ideias e traumas, não dão vida aos seus pensamentos por registrá-los por escrito.
Escrever é algo como uma obsessão. Pergunte a qualquer escritor e eles dirão que não conseguem imaginar a vida deles sem escrever. Eu certamente acho difícil imaginar minha vida sem colocar muitas de minhas experiências, anseios e pensamentos no papel.
Assim, aceite que você é um estranho, bizarro, ou como queira nominar isso. Aceite e se divirta com a ideia. O resto do mundo não poderá entendê-lo. Mas isso não poderia ser diferente, afinal, eles não são escritores.
Os Livros Parecem Cada Vez Piores
Eu sei, você já passou por isso: ao ler seu mais recente trabalho, chegou a conclusão de que ele não é tão bom quanto os anteriores. A maioria dos escritores passa por isso. A cada nova história, há aquela tensa sensação de que perdemos a faísca da criatividade, que o elixir da sensibilidade secou na fonte.
Estas dúvidas podem corroer a autoestima de qualquer um. São bastante destrutivas. Podem fazer com que um trabalho seja interrompido, privando futuros leitores de uma experiência maravilhosa.
A primeira coisa que você precisa ter em mente é que não há nada de errado com você, ao se deparar com estas dúvidas, com esta sensação de retrocesso. Provavelmente, seu escritor favorito passa ou já passou pelas mesmas experiências.
Em segundo lugar, quando for invadido por esta sensação de que já foi melhor, continue produzindo assim mesmo. Em outras palavras, aprenda a se ignorar. Esta voz em sua cabeça lhe perguntando: “Quem vai querer ler isso?” é uma voz tola que não deve receber nenhum tipo de consideração de sua parte.
Talvez, e eu espero que sim, após ler este post você chegue à conclusão: eu não estou sozinho. E realmente não está.
at
Meu, eu estava sentado no computador com um rascunho de livro em mãos, e pensei ” Mas que droga, como sei se isso aqui ta bom?”. E sem me sentir preparado, me deparei com seu artigo, falando inclusive sobre meu maior problema; a procrastinação. Muito obrigado! Me ajudou demais.
at
Sinceramente, está tudo correto. Escrever é difícil, precisa da ideia principal certa, um tema (ou vários), personagens interessantes, e sobre a parte de ser estranho… Eu sou um pouco estranha, mas se esse é o preço a pagar por ter uma paixão por escrever, eu me aceito do jeito que sou.
Com os segredos revelados, talvez surja algo que me ajude.
at
Nossa, maravilhoso post. Passam pela minha cabeça exatamente as mesmas duvidas, questões e receios.
at
Muito bom, gostei, vou continuar escrevendo até não poder mais, sou brasileiro, não desisto nunca, se alguém me ler, tudo bem, se não, pior para quem não leu.
at
Me diverti muito lendo este post! Praticamente tudo (na verdade tudo) é exatamente o que eu sinto e penso. Me sinto incentivada, pois para mim a maior dificuldade agora é ser estranha e achar meu livro uma porcaria.
Obrigada.
at
eu luto contra a procrastinação agr kkkkkk
além de eu ter lido meu rascunho e ter pensado ”meu deus, pq eu achava isso bom?”
agora q eu comecei a escrever eu tô me sentindo melhorzinho
at
Até admito cada um desses erros, desafios ou defeitos.
Mas para isso teria de chegar ao ponto de ser uma escritora experiente.
Mesmo sendo um escritora em construção o texto acima, já é uma verdade para mim.
Muito bom.
at
Nossa! Me identifiquei na hora. Tudo que mais tenho no momento, são dúvidas se empilhando em algum lugar da minha mente estranha. Desenvolvo um esboço de uma história na qual pretendo extrair toda originalidade possível. É só o início, estou apanhando feio… muito mesmo. Suas dicas são muito válidas. Obrigado. Eu não estou só… rs!
at
GENIAL!
“Escritores são estranhos”.
Eu sempre fui a estranha do colégio, agora sei porque! Hahahaha.
E tenho orgulho disso :)
Muito bem escrito e engraçado, estou adorando seu blog, cara.
at
Fantástico, esclarecedor, calmante!!!!
Obrigada!
at
Nossa, adorei o texto! Me identifiquei demais, e consegui identificar algumas coisas que devo modificar e/ou melhorar em mim como escritora.
Parabéns por esse texto, e pelo site.
Abraços,
Danielle Medeiros de Souza
Autora dos livros Dores e Amores e Linhas do meu ser
at
Eu realmente adorei sua forma de escrita!! Aprendi e me diverti em várias partes do texto que eu precisava ouvir como: Pare de ler este blog e vá escrever! Muito bom mesmo!
at
Sempre me ajudando muito, seu blog Juliano. Estarei sempre aqui.!
at
Acho que a sensação de fracasso tem a ver com a atual sociedade complexa e essa complexidade influencia os mais criativos, ficando difícil ser coerente no meio de tanta informação.
at
Eu estou começando a escrever um livro mais já tive vontade de desestir muitas vezes chorei sem paciência mais eu reconheci qui fazendo essas coisas(chorando disistindo)nao ia adiantar nada eu so taria gastando meu tempo enquanto eu podia ta escrevendo uma historia legal.Mais espero que der tudo certo pra mim e pra muitas pessoas!
at
Pior que é bem assim
at
Olá,quero escrever um livro sobre o meu cachorro, se puderem enviar dicas para meu e-mail,aceito.
at
Obrigado…
Suas dicas me fizeram muito bem.
Eu realmente estava quase desistindo deste pequeno , frágil e amado sonho de escrever!
Seu site me deu apoio e motivação, por favor continue sempre nos presenteando com seu incentivo e compreensão !
at
Em 2007 tive uma ideia para um livro e só esse ano finalmente estou tendo coragem para coloca-las no papel ! :D Eu estou amando seu site !!!
Muitas dicas ótimas, super útil, estou feliz por isso .
beijos
at
E parte que eu mais gostei foi a que: Escritores são estranhos. Me dizem isso todos os dias, ja briguei várias vezes com o meu pai, porque ele diz que eu vivo em um mundo paralelo. Não só desatenta, mas estranha. Ele vive me perguntando se eu tenho algum problema e várias outras coisas. Mesmo. Foi isso o que você quis dizer? Espero que sim. De qualquer forma, amei o post.
at
Interessante isso… será que todos que se inclinam para artes são um tanto distraídos demais !! heheheh
at
Não sou um escritor profissional, mas já escrevi três enormes livros. cada um com 200 a 400 páginas. Com certeza, tudo isso que você publicou, acontece comigo. Muitos eu já superei, mas alguns ainda não.
at
Escrever é realmente uma sandice, algo fora dos padrões do cidadão médio normal. Porque escrever é perder o senso do presente, só se escreve sobr eo passado ou sobre o futuro, e mesmo assim, muitos autores dizem que é só sobre o passado que se escreve, portanto é perder a vida, ver a vida se escoando por entre os seus dedos todo dia e um novo poema sendo produzido, um novo conto, um novo romance, etc… O Ulisses de James Joyce não consegue o feito de dizer-se presente só porque é de um dia, a verdade é que a realidade é má prosa e má poesia. Estou sentindo isso na pele escrevendo meu primeiro romance no Desafios dos Escritores.
at
Estou adorando seus textos… Estão me incentivando muito.
at
Muito boa a matéria! Parabéns! Deu p’ra perceber que não estou tão fora de órbita assim e que o grande lance é seguir em frente apesar das dificuldades.
at
Como pode perceber, fazemos parte de um mesmo universo Vampy.
Obrigado pela visita.
at
Adorei seus comentários…estou participando de um curso de Escrita Criativa, em Ribeirão Preto, com a professora Carolina Bernardes (Curso Távola), e temos discutido muito sobre isso, as dificuldades do escritor. Sua postagem reforça brilhantemente nossas discussões. Obrigada pela contribuição!
at
adorei! concordo sim que nos escritores somos diferentes e inusitados e muitos especiais, falo por experiência própria, tenho 14 anos e escrevo livros desde os 12 anos(no momento 4 livros),acredite ou não consigo ler um livro de 300 paginas em um dia e sou conhecida como ”devoradora de livros” na escola!
at
Muito obrigada, pois suas palavras serviram de incentivo para mim que já engavetei diversos trabalhos, assim sendo tomo a coragem de por mãos à obra para finalizar o que havia confinado, de fato havia pensado que estas baixas só aconteciam comigo, no entanto, agora me tornei mais disposta para ir em frente.
at
Muito obrigada por compartilhar estas palavras, realmente é exatamente o que acontece. Estou trabalhando no projeto do meu primeiro livro, muito difícil, eu pensava que seria mais fácil, já escrevi e reescrevi diversas vezes. Tem hora que paro e penso se o que eu estou fazendo é perca de tempo, não sei, só sei que amo escrever.
at
A arte de escrever, como toda arte, parte de um talento ligado à expressão, porém, comporta também uma técnica. E esta pode ser aprendida através de meios externos, ou desenvolvida de forma auto-didata. Talento por si só não basta. Mas, é necessário, sobretudo, o exercício diário da escrita, e sempre sob um olho crítico. É desta prática que surgirá a intimidade com as palavras, a visão clara da estrutura de um texto e a coerência da idéia. A partir daí, então, o desembaraço da expressão se fará paulatinamente dentro do que, com a produção, se chamará de estilo.
Um texto muito oportuno e muito bem escrito. Meus parabéns, saudações.
at
Perfeito…é exatamente isso!
at
Muito estimulante este seu Post meu caro, espero podermos nos comunicarmos. afinco de idéias e visões dessa vida, estou escrevendo meu primeiro livro algo que se pareça com uma cruz levada entre os anos. Agradeço o Post, que pós me, em total sintonia com eu criador, Respeitosamente Luca Montez.
at
Adorei o post!
E concordo com o que está escrito aqui. Aliás, já li alguns livros sobre escrita com depoimentos de vários escritores e muitos deles relatam a mesma coisa.
at
Obrigado pela visita e por compartilhar sua opinião, Ben.
Abraços
at
Adorei!!! É legal refletir e perceber que os escritores são humanos e, portanto, como cada um de nós. Não há nada de extraordinário na arte da escrita. Afinal de contas, trata-se de um árduo trabalho que exige, antes de tudo, paciência e perseverança. Mais uma vez, adorei!!!
at
Um alívio e um incentivo este post, muitos bloqueios e crises criativas. Bom saber que podem ser administrados e superados. Excelente recomendação de leitura. Lida e compartilhada! Gracias Martinz!
at
Seu e-mail com este post chegou no exato momento em que estava defronte a tela do computador me questionando o porquê do terceiro livro da trilogia estar tão dficil de escrever, se a histórisa toda está na minha cabeça? Então, o post foi um lembrete… de algumas coisas que eu já havia lido.
É muito fácil para nós escritores, criticarmos nossa obra. Mas verdade seja dita, quando você relê o que escreveu e se emociona com o que está no papel, é nesta exata hora que devemos parar de mexer, corrigir e entregar o livro para os leitores.
Alguns autores americanos têm escrito em suas páginas do facebook, ou em seus sites, sobre a dificuldade que estão enfrentando em acabar seus livros. Acho que isso é um sinal dos tempos, é um sinal que escritores famosos atuais não estão mais aceitando pedestais por que precisam interagir com os leitores, e se adotarem a postura de deuses não poderão nunca desfrutar deste contato.
Mas resumindo (já que gosto demais de escrever) adorei seu post e com certeza ajudará muitos escritores.
abraços
at
Obrigado pela visita e pelas considerações, Soraya.
Desejo-lhe sucesso!
at
Parabéns.. há muitíssimo de verdade nesse texto.
at
Quatro livros publicados e sou incapaz de escapar do desejo de fazer alterações quando releio qualquer deles. Fico preocupada quando vejo um escritor iniciante buscando nossa aprovação, enquanto escritores, para sentirem-se seguros. Um livro é um exercício de persistência da primeira a última página, é trabalho árduo, sem garantias. A recompensa é o feed back dos leitores. Saber que sua criação faz parte (de algum modo) da história de vida das pessoas é a grande recompensa.
at
Realmente, a vontade é sempre revisar, reescrever… e recomeçar o vórtex de consumição que é o tal do “work-in-progress”. Eu sou perfeccionista, sei como se sente :) Talvez a solução seja mesmo aceitarmos a evolução das interfaces autor-público (em que pesam, hoje, as imensas e variadas possibilidades das plataformas digitais), e mergulharmos na “Obra Aberta”, que permite melhorias e revisões, adaptações e toda sorte de mutações formais. Novos paradigmas, sim, mas igualmente (ou mais) estimulantes do que fôra aquele em que habitaram gênios como Machado, Joyce, Maupassant, Poe, Hesse, e tantos outros, em eras passadas. …Aos novos tempos, pois! ;)
at
acho por mim que é dificil na hora de inventar ou de encontrar a personagem exacta da história
at
me passa seu e-mail pois queria escrever um livro e queria sua opnião sobre tema??
at
Meu pico foi quando ele disse “privando futuros leitores de uma experiência maravilhosa”.
Isso me fez refletir muito sobre a questão…