Cai tempestuosa a cortina sobre meus olhos
E levanta-se o véu inerte incertas vezes
Como pele refeita com a mesma matéria
A mesma séria despedida do imutável
São passos dados num aquário redondo
Redoma de pele, pulmão de aço
Descompasso, a cortina se rasgando
Prometendo brisas que recomponham pedaços
Cores de ontem entre poemas e abraços
Mudanças desagradáveis estado inerte
Quando o espelho dita que sou o mesmo
O que inverte um sonho que verte
Em branco e preto, improvisos a esmo
O coadjuvante posto em uma cela
A moldura tênue de sua tela
Que revela o papel que me assemelho
Um dia o caçador, em outro o coelho
Sonhos de pele, aço e pesadelo
Frente a tempestade, frente ao espelho
Mudanças que não se colorem
Que não formam cheiro e paladar
Tentando entender o sentido do ar
Tentando entender o porque mudar.