Corrosiva

Crônicas corrosivas e gestos de amor

O Começo dos meus Livros Inacabados

Obras que um dia comecei e que o Tempo ainda não me permitiu concluir

SENHOR ANGÚSTIA

Queria eternizar suas palavras. Botá-las ali. Uma afirmação. E reafirmação. Estava vivo. Queria se expressar. Do seu coração, elogios. Dos seus poros, críticas. De cada buraco. De cada centelha. Ele inteiro, por inteiro. Seria eternizado. Louvado. Repudiado. E ados e mais ados. Mas ao menos, seria. O que era uma grande coisa. Ultimamente, era-lhe complicado ser qualquer porcaria. Só “desser”. O inverso do um verso. Um só verso no universo. Sem rimas. Sem climas. Só o mesmo loser de sempre.

INSANIDADE E VINHO TINTO

Começa assim…

Você se cansa de algo. Quando percebe que o Algo é permanente, feroz, inabalável, você tenta encontrar meios de derrubá-lo. E rápido, antes que você seja vencido, primeiro. Se você não teme o Algo, você o ignora, simplesmente. Acaba deixando para lá. Mas se o Algo te perturba e ameaça tua liberdade – discreta sanidade –, você reage.

É sempre da mesma maneira.

Comigo também começou assim.

Algo me ameaçou.

E eu reagi.

ENIGMA PUBLIUS

Um círculo vivo. Oito pessoas se encarando. Oito miseráveis, olho no olho. Mas ele se perguntava se poderia chamar aquilo de “círculo vivo”, apropriadamente. Estavam mais para zumbis. A maioria, era verdade, chegou bem perto da morte. Aquele vesgo de cabelo branco disse, certa vez, que entrara em coma. Overdose. Seis dias numa unidade de tratamento intensivo. Sem pesadelos, sem dor, sem lembranças. Até que resolvera acordar e foi jogado novamente para dentro do mundo impiedoso, onde os ratos imperam e o lixo é a matéria-prima da existência degradante. Pior para ele, amigo. Pior para ele.

PSYCHO

Um corpo inchado. Meu corpo. Suor. Meu suor. Uma espécie de transe. Um transe. Difícil definir. Inútil tentar. São apenas lembranças que parecem ser visões do que ainda está para acontecer. São imaginações que parecem ser lembranças de situações vividas (e desvividas). Quem se importa? Enquanto suo, me concentro. Cada segundo, uma vítima. Então, me vem lembranças e imaginações. Tento separá-las. Não posso me confundir. Flashes, decomposição, ode ao vazio. Sentado numa cadeira, em frente ao computador – a máquina que escraviza o homem. A ferramenta do mal. Ali estão. Ali se escondem. Um momento estranho. Uma pista. Apenas um flash. Seco as mãos, muito suor. Ou será sangue? Concentre-se. Eles estão ali. Abrigam-se entre bits e bytes. Ocultam-se entre códigos. São imperceptíveis. São quase perfeitos. Sorrio. Quase perfeitos… quase.

É no “quase” que eu entro.

E é no “quase” que assino PSYCHO.

2 Comments

  1. Laís Hariani

    at

    termina o insanidade e vinho tinto

  2. Hermínio

    at

    Termine!!!

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