A etimologia pode trair a concepção. Mas acredite: anti-heróis não são vilões. São diferentes em dois aspectos. Primeiramente, na própria definição. Numa definição tosca e rasteira, anti-herói é um herói cheio de defeitos. Mas, em segundo, e mais importante aspecto, vilões são personagens extremamente desinteressantes. Sempre recheados das mesmas características: são explosivos, previsíveis, patéticos. A mesma velha e desgastada expressão, a mesma sede de violência, a mesmice do mesmo. Por outro lado, os anti-heróis não estão tão inclinados a soberba. Aproximam-se mais da realidade. E isso é justamente o que os diferencia dos heróis, também. Possuem humor (negro), são irônicos, inteligentes, irritantes. Estão revestidos do oposto ao axiológico positivo: são imprevisíveis por não serem dotado da patética pureza perfeita dos heróis. São eles. São eu e você.
Ao pensar no grande nome entre os anti-heróis do cinema, confusão a vista (o que qualquer um poderia prever). Mas um exclusivo nome tende a desmerecer devidos créditos. Por isso, em minha tosca e infundada opinião, satisfaço minha paixão pelo cinema poético-realista, destacando dois nomes que devem estar no topo de qualquer rol dos anti-heróis do cinema.
Frustrado, alienado, insone, obcecado, perturbado, egoísta, irônico, bruto, sensível, solitário, paranoico, deprimido, iludido por tentar fazer alguma diferença. Quer mais detalhes?
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RANDLE PATRICK McMURPHY:
Visceral, Randle Patrick McMurphy, o criminoso que se faz passar por louco, torna-se, no final das contas, o mais humano no decadente e agressivo manicômio.
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Será que fui injusto? Será que isso me torna um anti-herói?