No silêncio da madrugada, ele navegava. Na tela fria, a vida se resumia a cliques.
Era Marcos, um homem de rotina quebrada. Sem amigos, sem abrigo emocional. Ele passava horas entre posts e memes, tentando preencher um vazio inexplicável. Cada página carregada era um resquício de existência.
A internet não oferecia respostas, mas sim reflexos. Ele via a si mesmo em cada perfil, em cada comentário. Uma coleção de almas fragmentadas. A tela se tornava espelho e labirinto. Em seu interior, o vazio gritava por identidade.
Entre pesquisas e cliques impulsivos, descobriu que a rede era um campo de possibilidades distorcidas. Informação e ilusão se misturavam. Os dados eram ruídos que ecoavam sua solidão.
Uma noite, cansado da busca por sentido, fechou os olhos. O cursor piscava na tela, como um coração em pausa. Não havia clichês ou promessas de felicidade. Apenas a crua realidade de uma vida conectada e desconectada.
Ao amanhecer, Marcos ainda estava ali. A tela continuava acesa, aguardando o próximo clique. E o silêncio da manhã, indiferente, deixava uma pergunta no ar: quem realmente está conectado — o usuário ou o vazio que o consome?
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