Corrosiva

Crônicas corrosivas e gestos de amor

Senhor do Tempo

Uma suave noite em que ele sentia sua mente pesada como um paiol repleto de fagulhas e arrependimentos. Teria caminhado além, mas o zumbido lhe impunha passos oblíquos e metas incertas. E incerto, parou, estático diante da visão turva e túrbida.

Neste instante se perguntou: então era só isso? Tarde demais para nobres arrependimentos. Teria sido o primeiro a atirar uma pedra, mas agora usava uma coroa de vergonha sentado em seu trono de mentiras.

Como solução, cobriu-se com o manto de uma falsa autossuficiência. E com uma autoridade cínica que só existia em seu mundo imaginário, autoproclamou-se Senhor do Tempo.

Desde então, nunca mais olhou para o passado, mesmo sabendo que ele estava logo ali, bem atrás, ruidoso e salivante, sempre pronto a lhe dar uma chicotada.

Instagram: Juliano Martinz

3 Comments

  1. Brenda Luani de Carvalho Aureliano

    at

    amei achei muito curioso poderia fazer uma parte 2?

  2. Joao Miguel

    at

    Simplesmente incrível

    • Juliano Martinz

      at

      Obrigado, João Miguel!

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