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Não se morre de amor

Não se morre de amor

O homem apaixonado escrevia mais uma carta para a amada. Frases respingando sentimentos, caracteres fervilhando intensidades latejantes. As dores de cabeça que não passavam. A fome de sorrir que lhe fustigava a alma.

Uma carta. Uma singela carta. Começou e terminou assim:

“Doce amada, Lembre-se do seu valor, de como o mundo é melhor quando você está por perto. Não permita que certas palavras tirem isso de você. Sua respiração dá fôlego ao mundo. Inspire. Expire. A vida lhe agradece.

“Seu olhar carrega tanta luminosidade. Merece uma canção para que outros jamais esqueçam, assim como eu aprendi a não esquecer.

“Desconfie do coração – não se morre de amor. Não ouça músicas românticas e fuja de devaneios. A vida é feita de escolhas. E o amadurecimento, dos resultados do que escolhemos. A viagem no tempo não é possível. Não viva como se fosse.

“Este mundo é horrível, eu sei. Mas há tanta beleza nele que é impossível não se encantar. É o que sinto quando vejo seu sorriso enchendo o ar com tanta graça que a natureza parece inútil por instantes”.


Ao terminar a carta o homem olhou ao redor. Continuava sozinho. Repousou a caneta sobre a velha escrivaninha e decidiu inspirar e expirar.

A vida, mais uma vez gentil, lhe agradeceu.

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