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Era eu mesmo. Num despertar bestialógico. Cansado de noites mal dormidas, de eras mal vividas. Cansado de estar cansado de estar cansado. Era-me eu. Era-lhe eu.

Insone num quarto insosso. Olhos arregalados. A parede recíproca alardeando bazófias. Não era ela. Era eu. Uma fome insone, um quarto insosso. Um poema rabiscado na parede vazia dizia: “E agora que a hora chegou atrasada?” Sempre tarde. Sol a pino. E eu cansado. Noite mal vivida, cama mal dormida. O olhar tenso, a alma rusga. Prece e pus. Rolar cama abaixo, morro acima. Já não morro já que a vida não é definida. É rascunho. É um rabisco na parede. É um verso escatológico: “E agora que o atraso chegou bem na hora?”

E agora?

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