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Como Revisar Um Texto, Livro ou Artigo Jornalístico

Após escrever um livro ou crônica, ou mesmo após escrever o artigo para um jornal, chega o momento de revisar o texto. Como fazer uma revisão de qualidade?

Lapidar o próprio trabalho, dar formas à escrita, conferir suavidade às ideias outrora desajeitadas.

A tarefa de realizar uma leitura crítica e tornar sua mensagem clara e convincente, capaz de impressionar seus leitores, é algo que exige tempo e disciplina.

Para muitos escritores, esta tarefa é reconfortante – a melhor parte do ato de escrever.

Para outros, é o grande pesadelo – o momento em que o escritor sai de sua área de entusiasmo, e se depara com seus temíveis erros, falhas tão acentuadas que, em sua rígida opinião, são capazes de estrangular seu desejo de prosseguir.

Revisar é Necessário

Se você está terminando de escrever um romance, um conto ou mesmo um artigo para um jornal, a revisão é absolutamente necessária. Revisar não significa apenas corrigir erros, mas aperfeiçoar aquilo que já está bom.

Muitas ideias parecem soar com perfeição em um primeiro momento, mas talvez sejam incompreensíveis para a maioria dos seus leitores.

Neste respeito, a revisão pode ajudar a identificar esses “pontos cegos”, onde palavras confusas acabam manchando a mensagem ao invés de elucidá-la.

Como Revisar um Texto

Para revisar um texto ou livro é necessário conhecer e trilhar os processos para isso.

Pessoalmente, gosto de revisar um texto somente após terminá-lo – independentemente de quão longo ele seja. Disciplina. Uma tarefa de cada vez. Primeiro escrever. Depois reescrever.

Mas há outras regras que podem ser estabelecidas e seguidas para que a tarefa de revisar um livro ou texto seja mais convidativa para você.

Antes de Revisar, Distancie-se do Seu Trabalho

Após completar seu texto, crie uma distância física e emocional dele. Diga para ele: “vamos dar um tempo”, e siga sua vida.

De preferência, no dia seguinte, retome o que escreveu e perceberá que irá enxergá-lo sob uma nova ótica.

As frases desnecessárias saltarão aos seus olhos, as ideias confusas lhe acenarão, como que dizendo: “ninguém me entende”.

Aqui cabe uma palavra de cautela: ao perceber seus erros, você precisa sentir-se realizado, e não descontente.

Afinal, pior seria se você se deparasse com um texto ruim e o julgasse de uma qualidade impecável.

A capacidade de encontrar erros em seus livros é uma qualidade que você precisa prezar – sem ela, seus textos estarão fadados a ser um amontoados de ideias ridículas e confusas.

Imprima Seu Trabalho

A maioria das pessoas que avaliarão seu livro o farão em uma versão impressa. Muitas editoras exigem que os originais sejam enviados somente em formato impresso para avaliação (nunca em formato eletrônico). Portanto, você precisa ler seu livro da mesma maneira que os editores.

Além disso, não há como negar: o formato impresso carrega uma realidade que transcende o eletrônico. Pode até parecer um conceito irrealista, mas a grande verdade é que os olhos percebem saliências em um texto impresso que são despercebidas quando na tela do computador.

Portanto, ao revisar seus textos, sempre imprima-os. Sempre.

Depois, pegue uma caneta vermelha e comece o processo de lapidação que é uma parte altamente divertida do processo de criação.

Leia em Voz Alta

Se ler o texto em voz alta durante o processo de revisão for automático para você, ótimo. Se não, está na hora de criar este hábito.

Ouvir a sintaxe escrita é uma excelente maneira de identificar aquilo que não “soa” bem.

A mensagem escrita precisa fluir suavemente em seus ouvidos para conseguir fluir na mente e no coração dos seus leitores.

Revise a Revisão – Mas Não Seja um Lunático

Com base nas respostas e e-mails que recebo, “revisar a revisão” não é uma solução para muitos escritores, e sim o grande problema. Isto porque alguns perdem o limite do aceitável e entram em um loop infinito, sempre revisando, e revisando, e revisando.

Tenha em mente que revisar é necessário. Depois que você realizou as alterações, precisará verificar se elas contribuem para a fluência do texto. E vai perceber que algumas poucas mudanças ainda precisam ser realizadas, no entanto, em número menor do que a vez anterior.

Pense da seguinte maneira: você revisa um texto pela primeira vez, e realiza 30 mudanças. Na segunda vez, realiza 10 mudanças. Então, decide fazer mais uma revisão, e nesta última, realiza 15 mudanças… pode parar. Algo está errado. Se o número de mudanças foi maior na última vez, então significa que suas revisões estão estragando o texto, em vez de melhorá-lo. Siga isso como regra: se a quantidade de pontos corrigidos não estiver diminuindo entre uma revisão e outra, é hora de parar.

De modo geral, um texto precisa ser revisado apenas duas ou três vezes.

Se continuar revisando até considerar o texto perfeito, esteja certo de que você levará seu livro incompleto para o caixão. A perfeição está a anos-luz de nós. Somos criaturas oscilantes. O que achamos belo hoje, pode soar piegas amanhã. Eu posso estar apaixonado agora e escrever: “O lindo Sol perpetuava sua luz em tua pele”. Mas uma decepção amorosa, logo mais a noite, me fará reescrever a mesma linha como: “O Sol esbofeteava sua luz em tua pele”. Somos impactados a cada minuto por novos fatos e emoções. E isto molda nossos gostos e personalidade. A essência continua a mesma, mas os detalhes de nosso ser são afetados. E são esses detalhes alterados que fazem com que interminavelmente achemos que o livro “ainda não está bom”.

Você não precisa escrever o livro perfeito.

Basta ter autodisciplina (ou uma camisa de força) para saber quando deve parar.

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Conclusão

Portanto, para aqueles que se apegam demasiadamente a cada frase construída, o grande desafio é assumir um lado impiedoso e cortar o desnecessário sem piedade.

Independentemente se este é o seu caso ou não, a capacidade de editar seus próprios livros é uma habilidade difícil de desenvolver, mas é um processo essencial para escritores e jornalistas.

Portanto, revisar é a forma de garantir que você esteja sempre progredindo, e embelezando ainda mais aquilo que sua natureza criativa foi capaz de desenvolver.

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