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A Insistente Autossabotagem de Jovens Escritores

Você é um amante da literatura e um entusiasta da escrita. E sonha com a oportunidade de um dia poder colher mais do que elogios por sua arte: você espera ser recompensado financeiramente.

Isso soa como uma melodia aos seus ouvidos? Admita que sim. O problema é que uma grande parcela das pessoas acredita que a arte deve ser compartilhada gratuitamente. E se você quer vender seus textos, você passa a ser visto como o protótipo de um aproveitador.

Talvez por isso, não poucos escritores, especialmente em início de carreira, recebem inúmeros pedidos de exemplares gratuitos vindo de pessoas estranhas que surgem até do ralo do banheiro.

Mas se você escreve apenas por prazer, e nunca pretendeu sobreviver de sua arte, esta é a sua opção. Você faz algo por prazer e compartilha seus textos com o mundo. Nobre e satisfatório!

Mas este post se destina àqueles que desejam pagar suas contas com a ajuda dos caracteres.

Para isso, precisamos conhecer bem os empecilhos que se colocam ante este objetivo. Então, vamos abordar um grande inimigo da ideia de que você deve cobrar por seus textos: você mesmo.

A Insistente Autossabotagem de Jovens Escritores

Não são poucos os jovens escritores que se minimizam ao ponto de achar vergonhosa a ideia de cobrar pelo que escrevem. É verdade que, se será cobrado, o texto deve ser caracterizado pela qualidade. Afinal, ó tosquices, não vos desejo nem de graça!

Mas quando entramos no campo do que merece crédito, daquilo que deve ser lido, o tom da conversa é outro.

Então, não consigo deixar de perguntar: como é possível que talentosos escritores racionalizem a ideia de que não devem cobrar pelo que produzem?

A explicação mais lógica é a seguinte:

Escritores tem verdadeiro prazer no que fazem. Escrever é um passatempo. E por ser fácil, deixa de ter, aparentemente, um valor real. Assim, parece injusto receber por algo que fazemos por prazer e descontração. Ok, o argumento pode até soar fofuxo, mas isso não significa que seja justo.

Além disso, já ouvi falar de escritores com sentimentos de inferioridade, e que jamais julgariam seus desabafos literários dignos de uma remuneração.

Se estas conclusões passeiam acima desta sua cabeça, deixe-me dar um conselho ao pé do seu ouvido: pare de se sabotar!!! Elimine a autossabotagem e admita que sua arte é valiosa.

Se porventura decidir cobrar por ela, você não estará cometendo crime algum.

Não Seja um Escritor Mercenário

Porém, não devemos ir ao extremo e concluir que tudo o que você produz precisa ser cobrado. A divulgação gratuita de seus próprios textos pode amplificar sua presença para uma audiência maior. Ainda assim, mesmo neste caso, é possível aliar esta promoção gratuita com outros serviços como venda de livros impressos, e-books, ou mesmo divulgar serviços literários como revisão e leitura crítica.

Perceba que deve ser estabelecido um equilíbrio. A divulgação gratuita deve ser estratégica, permitindo captar uma audiência para posteriormente redirecioná-la para conteúdo pago.

E à medida que adquire experiência e seu nome se tornar mais conhecido, poderá pensar em associar cifrões mais espessos à sua literatura.

Vale a Pena a Divulgação em Guest Posts?

Pessoalmente, embora já convidado, nunca me interessei por guest posts. Esta ideia de escrever em outros blogs, sem remuneração, enquanto o proprietário do website fica com o montante, nunca me pareceu justo.

Mas se pesquisar sobre este tema, muitos apontarão esta divulgação como uma incrível vantagem para que você aceite escrever como convidado. Será mesmo? Ao ler um texto genial de sua autoria, em um blog literário, a quem os leitores associarão esta gema literária? A você ou ao blog onde descobriram tamanha preciosidade? Muitos podem discordar, mas não acredito que aquela “microfoto” com seu nome em fontes pequenas possa ampliar a consciência de sua existência. Pelo menos, não significativamente.

Por isso, acho mais vantajoso que o trabalho de divulgação seja realizado em seu próprio espaço.

Não há nada de injusto em ser remunerado por algo que você produz com facilidade e que lhe dá prazer. Isto pode até abrir portas para que você reserve mais tempo para a criação, o que beneficiará todo o universo da arte. E o passatempo pode, enfim, se converter em uma profissão.

Muitas pessoas valorizam sua criatividade. A grande questão é: você também valoriza?

Imagem: Aline Valek

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