Calei-me ante silêncios de tua alma
Ventos tensos que se fazem seco ao mar
A voz da noite torpe que nos pede pra cessar
Empalhar sentimentos que jamais nos servirão
A algum propósito ou canto a ecoar.
Calei-me ante silêncios de tua alma
Ventos tensos que se fazem seco ao mar
A voz da noite torpe que nos pede pra cessar
Empalhar sentimentos que jamais nos servirão
A algum propósito ou canto a ecoar.
Que se me bastasse o frescor desta preciosidade
Que me batesse forte em minha pele teu coração
Sombra rotunda que me acompanha teus passos
Um laço que me ceifa vista olhos em céu
Brindar teu chegar como quem brinda o amanhecer
Amanhece teu ser em meu peito já tomado
Projeta boca e pele que me reveste ansiedade
Ânsia pelo só, ânsia pela cidade
Ressoando cílios em meus lábios já partidos
Compreendendo tragédias neste corpo entregue
Alegue teu céu esparramado em meus cílios
Apegue teus véus e me envolvam idílios
E me brinde a realidade que vier
Que dos vermes em meu peito
Que dos medos em teu leito
Me escondo jaz
E aqui posso me esconder
E a que posso te proteger.
Curvilíneo, endireito-me foco teu olhar
Calo-me na imprecisão de palavras toscas
Toco e inverto céus e regras abstratas
Confeccionando novas formas de dizer “te amo”
Como se a vida refeita em pele plástica
Pudesse me esconder de frios nostálgicos
E de indecisões mal decoradas
Sacio o inexorável com tua sonoridade
Tua vontade em indivisível silêncio
Teu grito que reprime a voz da solidão
Um abismo que ganha pés e chão
Faço feito facas enfileiradas
Teso, retesado, tenso corte
Cicatriza estreito o forte coração
Cicatriza a estigmatizante ausência de tua pele
E vele a culpa num caixão embaciado
Enquanto choramos alegre e firmemente
O fim da incisão que um dia nos separou.
Troco tuas mentiras
Por todos meus delírios
Teu trono de sujeira
Pela paz longe de ti.
A insanidade em meus olhos
É a liberdade de tuas garras
As correntes que me atam
São as mesmas que me afagam
Em uma manhã de sol
Sem tua aura doentia
Que só presenteava
Torpe asfixia.
Antevejo teus tropeços
Suprimo endereço
Regurgito as promessas
E delas me esqueço
Desce pelo ralo
Tua infame podridão
Teu ego em dejeto
Abjeto coração
Desce pelo ralo
Tua fria insanidade
Tua pele e bom bocado
Pelos ratos, rejeitados.
Guiem-te memórias
Como solos pesadelos
Já eu sigo adiante
Liberto de tuas sânies
Abscessos e icor
E te deixo estes versos e poemas
Como um belo e romântico
Poema de amor.
De olhos fechados, te digo
De boca fechada, te vejo
De fé, na noite bucólica
Teu olhar transeunte
Se resigna
E se apaixona pelo meu.
De olhos partidos
Te clamo, te amo, me insano
Arritmia voraz
Teu tom de voz
Um som a sós
Que me cerca
Me abraça
E me permite
Assim calar.
Um mergulho em seus olhos
Um retorno às minhas origens
Uma volta ao mundo
Um mundo de volta
Toda beleza repartida
Agora reunida
Num único olhar
Ela lá e me sinto cá
Torpe, tolhido
A fumaça que me agride
A neblina que retarda
Uma vida desfalecida
Entre sombras do passado
Repassando horas vigílias
Execrando pobres poemas
Entre velas e eras
Paralisado, num vício de teus olhos
Restam-me ecos
Restam-lhe sonhos
O suor serpenteando seu corpo
Calejando tez e cílios
Redecorando memórias
Sob minha pele
Mas fora do alcance de minhas mãos
Apenas nos perdemos
E tanto nos perdemos
Nesta frágil simbiose.
Infame a solidão
Em fama opressão
O eco onipresente
Em restos, desrestos
Perene, mutila
Rompe sôfrego
Caindo trôpego
Corta elos
Os mesmos elos
Que mantém livres
Nossas almas.
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