Corrosiva

Crônicas corrosivas e gestos de amor

Author: Juliano Martinz (page 22 of 32)

O colecionador de manias

Tinha uma mania: era colecionador de manias.

A primeira a ser constatada foi a mania de morder as pessoas. Odaxelagnia. Inicialmente, foi visto como algo normal. Pelo menos para os pais, que até achavam “bonitinho”. Os professores, a maioria já mordiscada por ele, haviam dado o alerta. Mas o costume de achar que o tempo cura tudo imperou, e os pais deixaram para lá.

– É coisa da idade.

Quando começou a crescer, sair-lhe barba, falar grosso, e ainda assim, mordendo todos a quem encontrava, os pais começaram a ficar preocupados. Na primeira entrevista de emprego, deu problema. Ao ser cumprimentado, não resistiu e mordeu a mão da entrevistadora. Não havia mais como negar: definitivamente ele tinha um problema. E dos sérios.

Arrumaram-lhe um psicólogo, mas este desistiu logo no primeiro dia. No final da sessão, tinha marcas de dentes nas mãos e no pescoço. O que as pessoas diriam? Tinha uma reputação a zelar. Se começasse a chegar em casa assim, daria divórcio na certa.

Tentaram uma psicóloga. E para surpresa de todos, ele não a mordeu. O que não foi exatamente uma boa notícia. Isso porque o turbilhão de manias estava apenas entrando em erupção. Foi o que a psicóloga percebeu ao notar o paciente se levantando diversas vezes para ir ao banheiro.

– O que você tem?

– Ah, esses malditos germes que não saem das minhas mãos.

Diagnóstico: Ablutomania.

Ela teria cuidado disso se, na sessão seguinte, ele não tivesse entrado no consultório e dito, sem delongas:

– Posso arrancar seus pelos?

– Quê?

– Os pelinhos do seu braço. Posso arrancar?

– Não, claro que não.

Ele mostrou os braços pelados.

– Ah, eu arrancaria os meus, se tivesse sobrado algum.

Tricotilômano, concluiu a psicóloga, estupefata.

As notícias sobre ele correram. O jornal local fez uma matéria com enfoque nas manias, e usou sua história. A TV local também se interessou. Foi difícil entrevistá-lo porque ele ficava o tempo todo se escondendo do repórter: Criptomania.

Teve uma vida bastante agitada. Foi preso por causa da Cleptomania. Tornou-se professor de dança graças a Coreomania. Mas perdeu o mesmo emprego por causa da Rinotilexomania.

Chegou a aparecer ao vivo numa chamada da TV, no alto de um prédio. Mas a psicóloga acalmou a todos:

– Podem ir pra casa. Isso é só uma crise de Acromania.

– Crise de quê?

– Mania de ficar em lugares altos.

Seus relacionamentos amorosos não ajudaram muito. Arrumou diversas namoradas e admiradoras por causa da Erotografomania. Mas, as mesmas paqueras o levaram à falência por causa de sua mania de dar presentes: Doromania.

Entrou para o Guiness Book como homem com mais manias no mundo, e depois disso, desapareceu. Hoje, ninguém mais sabe por onde anda. Dizem que vive escondido, vitimado pela Agromania.

Mas, quando alguém quer saber algo sobre ele, recorre ao Livro dos Recordes. Lá está um pouco de sua história e a lista de suas 38 manias. Curiosamente, a primeira delas a ser constatada, a Odaxelagnia, não está na lista. Pelo menos, não declaradamente. Afinal, na foto em que acompanha seu recorde, é possível vê-lo em flagrante, dando uma senhora de uma dentada no braço da juíza do Guiness.

Um Príncipe Para Sandra

Procurava o homem perfeito. E nunca considerou isso demasiada exigência. O que Sandra precisava era de alguém que preenchesse suas necessidades, suas ranhuras. Que acalmasse suas intempéries. Que aquecesse seu frio interior. E homens medíocres jamais conseguiriam isso.

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A RAINHA DIGITAL

Na vida real, uma garota tímida de poucos amigos. Daquelas que fazem dos cantos, seu melhor confidente. Nas noites, a transmutação. Longe dos assustadores ruídos das multidões, transformava-se. Na verdade, não mudava coisa alguma. Continuava a mesma garota de sonhos tolhidos. Mas assumia seu posicionamento virtual, onde era descolada, engraçada, cheia de argumentos. Era mais que ela. Era ELA. Curvem-se todos. A Rainha chegou.

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GRANDE TONHO!

Crônica Humorística sobre o mito Tonho, um verdadeiro super-herói

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D’ARTAGNAN, O FILÓSOFO

Não era o que poderia se chamar de uma figura popular, mas estava um pouco além do anonimato. Seu nome era João D’Artagnan, mas era mais conhecido como D’Artagnan, o Filósofo. O típico personagem de crônicas engraçadas.  Rapaz universitário, cursando Letras, magro, óculos de grau, e tênis All Star azul rasgado. Era consumidor inveterado de livros e gibis, indo dos mangás a Shakespeare, das antigas fotonovelas em papel-jornal colecionadas pela avó Beneditina, com quem morava, até os desmedidos contratos de licenças de software pago (coisa que, convenhamos, ninguém nunca leu). Já tinha lido o Houaiss de capa a capa (o Aurélio, três vezes) e todas as bulas de remédio da supracitada avó Beneditina, o que era quase uma farmácia inteira.

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Estruturando uma narrativa

Se passeia em sua mente o desejo de escrever um livro, conceber uma história, faltando apenas colocá-la no papel, é hora de se perguntar: Quais são os elementos da narrativa?

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DA COR VÍVIDA DO TEU SORRISO

A pele adocicada de sua voz num timbre perigoso. Estanque, a vontade sôfrega de ficar ali mais um minuto. Ali, as vontades se perdem, se entrelaçam numa intensidade serena. Que faremos? Deixo-me guiar pelo seu olhar primaveril. Os silêncios escancarados se reorganizam em plenitudes órfãs, e refeito me contradigo em fala pueril. O canto da boca, o intento nos lábios, a ideia na mente que anseia gritar. Seu mundo mais uma vez. A primeira poltrona, contemplo tua cena numa dança vespertina, sólida semente da primavera por nascer. E para todo o sempre, mergulho infinito em teu sorriso abissal. Uma queda livre, um elevar eterno, e para sempre moradia minha.

POEMA DE RETRATAÇÃO

Versos e poesia condensados em um breve e tímido poema de retratação

poema de retratação

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INFÂNCIA? FOI TARDE…

Pessoas são pessoas. E a maioria delas sente saudades da infância. Vislumbres e flashes de momentos felizes que não voltam mais. E voltar pra quê?

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Criando Memes

Crônica Humorística sobre criação de memes

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