Intensidades não se medem. Elas devem ser simplesmente apontadas e descritas

Ela se desenha como figura única em mundos paralelos. Parece querer descrever-se como latente, mas a profusão de luzes em seus olhos desvia mundos, cria regras, recria céus. Seu semblante é “autodesenhável”. Seus olhos detêm domínios. Capturam, capturados e escravizados, olhos meus. E entre os meus e os seus, tantos céus. Universos intensos. Proximidades irreais. Belezas imortais.

Ela é buraco negro. Atrai corpos, luzes, formas. Nela, as luzes se reinventam. Se captam. Se adaptam. Adaptadas à sua singular unicidade. Nela, as luzes se reacendem, novos desenhos, nova intensidade. As luzes exalam e transpiram cada centelha dela. Incandescente ela.

Sua voz soa e ecoa. Ecos que ziguezagueiam por entre estribos, cócleas, órgãos de Cortis. Inspiram membranas basilares. Dedilham células ciliadas. E gravam-se na memória. Sua voz, seus ecos, indeléveis. Na memória, ali ficam. Eternamente. Sua voz emite-se em dós e rés bemóis. Avançam em ondas. Avançam como sondas. Conhecem a profundidade do ser, de ser meu ser.

E há lugares para se estar. Para ficar. Mas com ela não se fica. Se existe. Coexiste. Inspiração. Transpiração. Sua bondade contornada pelo etéreo. Suas qualidades cinzeladas em bronze. Esculpidas por seu gesto amical. Modeladas na paz que sua presença pode emitir. A paz deixada pelos seus passos. Paz que fica para trás, e que sigo atrás. Que sufoca pensamento falaz. Eis sua paz!

Ela é conteúdo. Tem e contém. Erros e acertos. Falhas e tino. Combinando impulsos cerebrais e avassaladora pureza. Maturidade pueril. Semblante pueril. A menina de ideias impetuosas. Seu grito é poesia. Como numa canção, recitando concepção. Conhecê-la é conhecer-se. É conceder-se momentos para rir. Aprender, reaprender, em seus atos prender-se com grilhões.

Então, encante-se.

Apaixone-se.

E, por fim, cale a boca.

É a vez dela falar.