Tinha a sensação de que era hora de mudar de vida. Estava há dias naquela rotina repetitiva. Uma rotina agitada, diga-se de passagem. Por vezes, até perigosa.
Nas últimas semanas, estava se dedicando bastante aos esportes. Futebol era seu favorito. E tinha muito talento: era o goleador do time. Mas, inquieto como sempre, no último domingo buscara novas fronteiras. Foi assim que decidiu participar de uma corrida de carros. No entanto, este não era o seu maior talento – e as violentas batidas provaram isso.
Mas, em comparação, até que as coisas ultimamente andavam bem tranquilas. Afinal, ele passara por momentos muito mais tensos no passado. Podia se lembrar das inúmeras perseguições em que se envolvera. Um policial sempre atrás de bandidos. Tiroteios, explosões, perdera a conta de quantos tiros levara – eram inúmeras suas cicatrizes.
Uma vida intensa, é verdade. Por isso, percebia que era hora de abandonar tudo isso, uma rotina que lhe sugava encantos e privava intensidades. Era hora de deixar tudo isso para trás. Principalmente pelo fato de ter apenas 12 anos de idade.
Por isso, naquele dia, resoluto como nunca antes, desligou o videogame e saiu de casa pela primeira vez em semanas.
