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Fuga do cão

Era uma perseguição implacável. Injusta, poderia dizer. Afinal, como duas pernas podem competir contra quatro?

Enquanto corria tanto quanto podia, percebia em assustadores relances que o cachorro ia alcançá-lo.

Podia ouvir os sons guturais que provinham das entranhas do quadrúpede sedento de sangue.

Neste momento, ao perceber o fôlego lhe faltando, Jonas se arrependeu. Maldita hora que decidira entrar pelo portão deixado aberto pelo vizinho para pegar algumas frutas. Seus pais não haviam lhe ensinado tão incisivamente que pegar bens alheios é roubo?

Malditas laranjas suculentas, pensou!

Tarde demais para lamentos. Entrara no quintal do vizinho sem autorização, despertara o cão raivoso e agora fugia do facínora.

Em certo momento, nem sentia as pernas – eram tão rápidas que dispensavam qualquer coordenação. Jamais imaginaria ser capaz de correr tanto assim.

Tanto correu que, de repente, descobriu-se em outro bairro. Parou, resfolegando como um cavalo. Olhou para trás e descobriu que o cachorro desaparecera.

Deu um grito de alegria ao perceber que fora mais rápido do que o cão. Quem poderia imaginar? Enfim, duas pernas venceram quatro! O feito renderia muitas histórias entre os amigos.

E isto sem contar o fato de que o susto servira para lhe ensinar uma importante lição: da próxima vez, ouviria os pais e a voz da consciência.

Foi quando um quintal alheio lhe chamou a atenção. Ao lado da casa, Jonas se deparou com uma cintilante árvore carregada de malditas laranjas suculentas!


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