— CHÃO É LAVA!!! — Um grito e a correria teve início.

A sala virou um campo minado. Sofia subiu no sofá. Tiago se agarrou à estante. Arthur escalou a mesinha de centro.

— Precisamos chegar até a cozinha — anunciou Sofia.

Tiago calculou a rota. O puff era um bote. A almofada, uma jangada. Mas o espaço entre o sofá e a cadeira? Um abismo.

Arthur tentou pular. Errou e caiu no tapete.

— MORREU! — gritaram os outros.

Arthur levantou-se indignado.

— Não valeu, eu tenho vida extra!

Regras foram discutidas, mas não teve jeito. Arthur estava morto. O jogo seguiu.

Foi então que a mãe entrou na sala.

— Que bagunça é essa? — perguntou, a voz áspera.

As crianças congelaram. Olhares de pânico. Ninguém podia tocar o chão. Como lidar com a ameaça recém-chegada e, ao mesmo tempo, com a lava sulfurosa e voraz?

Sofia, rápida, teve uma ideia.

— Mãe… o chão é lava.

A mãe hesitou.

As crianças esperaram, mergulhadas naquele mórbido silêncio.

E então, com a dignidade de uma rainha, a mãe subiu na cadeira.