Ícone do site Corrosiva

Criando Memes

Crônica Humorística sobre criação de memes

Ela conheceu Marcos pela internet. Uma foto sem graça, uma pose estranha, um sorriso amareladamente forçado, mas um fértil humor convincente. Marcos não simplesmente compartilhava memes – ele os criava. Pequenas tirinhas humorísticas. Nunca compartilhava o que não era seu. E produzia em um ritmo alucinante.

Uma mente brilhante focada na direção errada, ela pensou. Não teria futuro com aquelas piadas caricaturescas sobre tempos de escola e tirinhas sobre relacionamento com os pais. Não que não fossem engraçadas. Mas faltava-lhe direção.

Na linha do tempo da rede social dele, postou sugestões. Que tal uma peça de teatro? Um projeto-piloto para a televisão? Crônicas semanais para um portal de notícias? Um foco mais visionário que vá além dessa mesmice. E das “memesices”.

Ele respondeu:

“Eu não teria futuro. Eu não ia conseguir”.

Hum… Um talento oprimido pela baixa valia. Um potencial espremido entre as paredes da depressão. Ela estava decidida a ajudá-lo. Seria aquela que levaria o homem frente aos refletores – o lugar onde deveria estar.

No comentário no feed, ela perguntou se ele tinha textos engavetados ou perdido no computador. Ela tinha alguns conhecidos, pessoas influentes no mundo das artes. Poderia dar um toque, um empurrãozinho.

“Tenho sim”, respondeu Marcos. Trocaram e-mail e ele lhe enviou diversos textos. Algumas crônicas, um romance inacabado, um roteiro para um longa-metragem. Para surpresa dela, um pior que o outro. Textos vagos, toscos e repetitivos. Apenas palavras desconexas de alguém que não sabe o que quer dizer.
Dias depois, impaciente, Marcos lhe enviou uma mensagem:

“E aí, já leu os textos? São bons? O que achou?”

Ela respondeu:

“Ahh, cara… ainda nem tive tempo. Estou aqui gargalhando com as últimas tirinhas que você postou… kkkkkkk”

Sair da versão mobile