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Crônicas corrosivas e gestos de amor

4 falhas que fazem escritores desistir de escrever um livro

Você possui algum livro que não avançou além dos primeiros capítulos? Iniciou sua obra bastante estimulado, mas depois perdeu rapidamente o interesse, ao ponto de abandoná-la?

Neste caso, você não está sozinho(a). Pode ser que seu romance tenha algumas falhas que estão prejudicando o desenvolvimento do enredo. E, na verdade, prejudicando até mesmo o fluir de sua criatividade.

Vamos considerar algumas falhas dos textos narrativos, e o que você pode fazer para contornar a situação e, talvez, até salvar um livro condenado à morte eterna.

A História Errada

Escritores abandonando livrosJá aconteceu de começar uma história e, após algumas dezenas de páginas, perder o interesse nela?

Este é um dos sintomas de que você tomou a direção a errada. O começo do livro foi correto, mas o desenrolar dos eventos levou você (e levaria os leitores) para uma trajetória desinteressante.

Outro sintoma de que o livro está na direção errada é quando uma subtrama se torna mais interessante do que a trama principal.

Portanto, recorra ao seu livro abandonado e veja quando é que você começou a perder o interesse nele, e faça a seguinte avaliação para ver se a escolha da trama principal foi errada.

  • O interesse pela trama principal não consegue se manter ao longo do livro?
  • As subtramas chegam a ser mais interessantes que o conflito principal?

Em outros casos, o desinteresse não significa obrigatoriamente que tomamos a direção errada. Mas que, erroneamente, achamos que a história renderia muito, quando ela não tem muitos frutos a oferecer.

Nestes casos, talvez você precise reformular toda a trama principal. Não é nada fácil selecionar grande parte do que escrevemos e jogar no lixo. Mas remover o inútil faz parte da rotina dos bons escritores.

O Protagonista Errado

Quando você iniciou a história, tinha um enredo em mente. E para este enredo, você tinha o protagonista ideal.

No entanto, a medida que você escrevia páginas e mais páginas (a temível surpresa!), uma personagem secundária começou a gerar mais empatia. Inconscientemente ou não, torna-se mais interessante descrever (e ler) sobre esta personagem secundária do que sobre o protagonista.

Escolher o protagonista errado pode arrastar um livro para o fundo de um poço de lama e mediocridade. Isto pode fazer com que o próprio autor desanime ao longo da escrita e, em alguns casos, até mesmo abandone a obra.

Como solucionar este dilema? Talvez você não precise mudar o protagonista. Somente alterar sua personalidade, seu histórico ou outras características para que ele corresponda melhor ao que a trama exige dele. Nestes casos, não é mudar a história do seu livro, mas somente a reação psicológica, emocional e física do protagonista aos eventos.

Portanto, recorra agora ao seu livro abandonado e faça esta avaliação:

  • O meu protagonista é o ideal?
  • Ele precisa ser reformulado?
  • Ou o melhor a fazer é escolher outro protagonista?

Ponto de Vista Errado

Ponto de vista erradoTalvez você já tenha percebido. Ou pode ser que não. Mas a mudança de perspectiva da narração de um livro, o ponto de vista, tem um impacto gigantesco sobre nossa sensação ao lê-lo. Em outras palavras, isto significa que se uma literatura é interessante quando narrada em terceira pessoa, pode se tornar um suplício caso narrada em primeira pessoa. E vice-versa.

Portanto, se você perdeu interesse em seu livro e entregou-o de bom grado para as traças e aranhas, talvez você simplesmente escolheu o ponto de vista errado para narrar sua história.

Para entender melhor sobre as limitações e vantagens de cada ponto de vista, leia os artigos:

Existem livros que, se narrados em primeira pessoa, perderão muito. Por exemplo, é o caso de livros épicos, ficção científica e de fantasia. Nestes formatos, narrar em primeira pessoa limita o autor quanto a descrever elementos muito maiores da história.

Por outro lado, se você está escrevendo um livro sobre a jornada do protagonista em busca do autoconhecimento, sem dúvida, perderá muito se narrar tal história em terceira pessoa.

Assim, recorra agora ao seu livro abandonado e pergunte-se:

  • O ponto de vista que escolhi é o ideal?
  • Se eu alterar o ponto de vista, a história se tornará mais interessante?

Se não tiver certeza, experimente reescrever um ou dois capítulos sob um novo ponto de vista, e depois compare. Neste processo, você pode até pedir para alguns amigos ajudarem você a escolher qual das duas narrativas é a mais interessante.

Os Conflitos Errados (ou até inexistentes)

Os conflitos são o grande tempero dos contos e romances. Eles dirigem o rumo dos acontecimentos. São os responsáveis por tirar o nosso fôlego e nos prender na leitura.

Mas o livro pode se tornar desinteressante quando os conflitos não existem ou não cumprem com sua tarefa. Note que, para um conflito ser interessante, ele precisa oferecer uma real oposição ao protagonista. Você não pode utilizar apenas pequenos empecilhos como conflitos. Sinceramente, se não há riscos para o protagonista, por que os leitores deveriam se preocupar com o problema dele?

Assim, pergunte-se:

  • Entre meu protagonista e suas metas, existem situações ou pessoas impedindo-o de atingi-las?
  • Os capítulos começam e terminam sem qualquer conflito ser apresentado?
  • Os conflitos são interessantes?
  • Os conflitos são facilmente superados?

Que proveito você pode tirar de tudo o que foi falado até aqui? Bem, talvez aquela obra que você rotulou como “uma porcaria”, e que está perdida em algum canto do seu computador, ou em algumas folhas amareladas em sua gaveta, tenha salvação.

No fundo, a obra ainda pode render muito. Ela só precisa de alguns ajustes que podem abranger a correção da história em si, do protagonista, do ponto de vista ou dos conflitos.

Então, o que acha de parar de pensar em um novo livro, e tentar resgatar uma velha obra que você outrora abandonou no limbo?


Precisa de um guia para ajudá-lo a escrever um romance? Veja como escrever um livro passo a passo.

5 Comments

  1. Alexandre

    at

    Sim. Escrever um livro pode ser bem complexo, mas na minha opinião a principal falha é pensar demais e escrever de menos. O ato de escrever faz com que o escritor aprenda nas entrelinhas do dia a dia a resolver problemas. Ele analisa e tira conclusões se algo foi útil ou não. Com certeza analisar e planejar é importante, mas pensar demais é o pior inimigo de alguém que quer produzir um livro. Pare de ler este comentário agora é abra aquele arquivo abandonado e escreva ao menos 500 palavras hoje e amanhã será outro dia. Um dia de cada vez.. Abraços.

  2. Lúcia Dias da Ressureição

    at

    Tracei um paralelo com a vida real e criei um romance.
    Com o passar do tempo fiquei com medo de publica-lo .
    Achei que alguns capítulos sairam fora do contexto.
    Adoraria encontrar um escritor que me ajudasse à edita-lo.
    Está apenas no caderno. Mas completo.

    • Kamily vitória

      at

      Muito obrigada!!!msm ajudou bastante, vc escreveu sobre tudo o q eu estava passando. Muito obg! Agora vou ver o que fazia de errado na minha historia e pq eu perdia o interesse.

  3. Rafaela

    at

    Eu tenho um pouco de problemas com os conflitos. É um capítulo em que o protagonista adoece e é incapaz de ajudar os demais, umas férias (por 3 capítulos) quando o vilão faz horrores pelas costas de todo mundo, algum encontro para esclarecer algo, matando a saudade com a família (6 capítulos e um conflituzinho)…
    Emfim, se desse para reparar esses erros…
    Obrigada pelas dicas mais uma vez!

    • José Luiz Miranda CRAVEIRO

      at

      Não sou um escritor, profissional, mas pretendo escrever a biografia de minha mãe. ” Maria Delourdes, vida de uma professor” Foi uma conceituada professora do interior, que também detinha uma elevada estima dos habitante daquela comunidade. Minha pretensão é não só narrar sua vida profissional, como também no seio da comunidade. O que pretendo é uma orientação cronológica dos fatos

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