Corrosiva

Crônicas corrosivas e gestos de amor

Category: Textos de Amor

Textos de amor. Textos românticos.

APENAS TEU

É tua pele. É esta tua graça que se espalha em meus sonhos. São estes teus cílios que acompanho ritmarem a batida de meu coração. Compassados, descompassam minha concentração. Sorrisos que redesenharam meus sonhos. Outras cores. Outras formas. Meus sonhos redesenhados. Sempre me vejo em cima de árvores, casas, vistoriando o horizonte. Esperando o surgimento de tua silhueta. E quando a vejo, corro em tua direção. O deserto não me importa. Liberto, meu amor me transporta. Acerco tua presença que me conforta.

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ENVELHECENDO AO TEU LADO

Feito fel, apazíguo horas insólitas. Brigo por teu abrigo. Um rosto cálido na multidão. Feito horas, o segundo que me olhas é o instante que te elejo perfeição. Feito sol, te persigo toda a terra. Desde o leste, feito outrora. Feito a lua, te espero noite inteira, vida toda, vida beira. Aguardo que me ensine tua casa. Me traduza teu abrigo. Num risco somente nosso, e contradigo teu castigo.

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DA COR VÍVIDA DO TEU SORRISO

A pele adocicada de sua voz num timbre perigoso. Estanque, a vontade sôfrega de ficar ali mais um minuto. Ali, as vontades se perdem, se entrelaçam numa intensidade serena. Que faremos? Deixo-me guiar pelo seu olhar primaveril. Os silêncios escancarados se reorganizam em plenitudes órfãs, e refeito me contradigo em fala pueril. O canto da boca, o intento nos lábios, a ideia na mente que anseia gritar. Seu mundo mais uma vez. A primeira poltrona, contemplo tua cena numa dança vespertina, sólida semente da primavera por nascer. E para todo o sempre, mergulho infinito em teu sorriso abissal. Uma queda livre, um elevar eterno, e para sempre moradia minha.

TEUS OLHOS

Ela é a amplitude em estado fundamental. O calor para um coração estendido sobre o gelo. Ela se camufla em poesia. Quase sempre. Mas nem sempre. Às vezes ela escapa das páginas. Como se o papel não a pudesse conter. Ele não a contém. A poesia não a mantém. Ela excede. Se espalha, se esparrama. Transborda. Ignora as bordas. Borda-se com a primavera. Enche o vazio com sua presença. Ela ama. Importa-se. Esbraveja. E chora. Faz-se humana. Calor-mulher. Ela pode te comover. Ela pode te enlouquecer. Te solidifica, te irrita, te edifica. Ela dança e o planeta acompanha. E quando te encara com seus olhos refulgentes, ela te hipnotiza. Não a encare. Ela vai te sedar. E você vai agir como louco. Uma personagem marionete de crônicas narrativas. Vai tentar dizer não, mas vai dizer sim. Vai tentar fugir, mas vai ceder. Não ouse ignorar este conselho. Não desatente este apelo. O aviso está dado: ELA VAI TE SEDAR!!!

Ser você

Quando passei em frente ao teu quarto, ouvi você chorando. Parecia um sussurro. Um pedido de socorro. Como  se tivesse percebido minha presença. Como se pudesse ouvir meus passos lentos se arrastando pelo chão tão empoeirado. Como se eu pudesse fazer algo por você.

Eu estava por aí, tentando te  encontrar em outros rostos. Uma face. Um sorriso. Tua boca nos meus lábios.  Teus cílios ritmando meu piscar. Como se fosse possível unir as faces numa só. Uma só face. Fácies. Fácil.

Quando acordei, estava no meio do nada. E do nada, achei que podia te ver. Te completar. Te conceber. Como  se fosse possível te enxergar no meio da solidão, no meio da noite, no meio de mim. Parece tão simples quando a gente desenha tudo no papel. A gente apaga aquilo que tem medo. Alinha o desarranjo. Combina terra e céu.

Quando passei em frente ao teu quarto, ouvi você chorando. E eu também chorei. Como se eu pudesse sentir sua intensidade. Como se eu pudesse sentir a sua falta.

Como se eu pudesse ser você.


SOBRE O AUTOR

Juliano Martinz é escritor, redator web e criador do site Literatura Corrosiva.

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